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O impacto da temperatura nas formulações: entendendo os pontos de névoa e de turvação

Em formulações químicas, cada detalhe conta, e a temperatura é um dos fatores que pode afetar diretamente a estabilidade e a aparência final de um produto. 

Em sistemas que combinam tensoativos, solventes, sais e aditivos, como detergentes, limpadores e amaciantes, variações térmicas podem alterar completamente o comportamento da fórmula. 

Quando a temperatura muda, podem surgir turbidez, separação de fases, formação de cristais ou alterações na viscosidade. 

Dois parâmetros são especialmente importantes nessa análise: o ponto de névoa e o ponto de turvação. Ambos ajudam o formulador a prever o comportamento do produto em diferentes faixas de temperatura. 

Ponto de névoa 

O ponto de névoa é a temperatura em que um tensoativo não iônico começa a perder solubilidade, tornando a formulação visivelmente turva. 

Esse comportamento acontece porque, com o aumento da temperatura, a parte hidrofílica/etoxilada do tensoativo perde a afinidade com a água pela quebra das ligações de hidrogênio, fazendo com que as micelas comecem a se desorganizar e o tensoativo passe a se comportar como um óleo. O resultado é o aparecimento da chamada “névoa”, um indicativo visual de que o sistema ultrapassou seu limite de solubilidade, separando o tensoativo da água e, com o tempo, separando em fases. 

Na prática, isso pode ocorrer em produtos expostos ao calor durante o transporte ou armazenados em locais quentes, resultando em uma turbidez perceptível. No transporte por caminhão baú, em regiões quentes como Norte e Nordeste, que beiram 40ºC com facilidade, a temperatura dentro do caminhão pode atingir entre 50 e 55ºC. Então é necessário que o produto suporte essas temperaturas sem turvar, nem separar.  

Por isso é indicado que, no caso das formulações que contém tensoativos não-iônicos, o ponto de névoa esteja acima de 50ºC.  

No vídeo técnico da Macler Academy, a determinação do ponto de névoa é demonstrada em laboratório: 

O ponto de névoa pode ser utilizado como parâmetro de controle de qualidade tanto na liberação de lotes para serem envasados e depois comercializados, quanto no recebimento dos tensoativos não-iônicos como parâmetro para entender se houve variações de solubilidade na molécula de tensoativo. 

Saber identificar esse ponto permite projetar formulações mais estáveis, especialmente em regiões de clima quente, garantindo que o produto mantenha o aspecto límpido e homogêneo ao longo do tempo. 

Ponto de turvação 

Enquanto o ponto de névoa indica o limite de solubilidade de um tensoativo não iônico, devido à quebra das ligações de hidrogênio da parte etoxilada/hidrofílica com a água, o ponto de turvação indica um outro mecanismo de insolubilização. 

Os tensoativos aniônicos, que possuem sais em sua constituição molecular, à medida que são submetidos a temperaturas mais baixas, começam a insolubilizar. Quando isso ocorre, os sais cristalizam e precipitam. Assim como ocorre se dissolvermos uma boa quantidade de sal de cozinha em água quente: quando a água esfria, uma parte do sal volta a cristalizar e precipita. O ponto de turvação é justamente a temperatura em que esse fenômeno de recristalização dos ingredientes salinos da formulação começa a ocorrer. 

Abaixo dessa temperatura, esses componentes passam a ficar tão insolúveis que precipitam formando um fundo branco ou colorido, pois podem carregar também o corante. Esse comportamento é comum em produtos armazenados em locais frios ou submetidos a ciclos térmicos durante o transporte. 

A temperatura ideal para o ponto de turvação pode variar dependendo da região onde o produto vai ser comercializado. Se ele for comercializado no sul do país, onde o inverno é mais rigoroso, normalmente se indica trabalhar com um ponto de turvação máximo de 0ºC. Se for no Nordeste, onde o clima é mais quente, pode-se trabalhar com uma turvação máxima entre 10 e 12ºC. 

No vídeo técnico da Macler Academy, o método para determinar o ponto de turvação é apresentado de forma prática: 

Identificar esse ponto é essencial para prevenir instabilidades que podem comprometer a percepção de qualidade do produto, mesmo que sua performance técnica não seja afetada. 

É uma medida fundamental tanto no Controle de Qualidade para liberação de lotes de produtos e análise do impacto de matérias primas como o Ácido Sulfônico e o Lauril Éter Sulfato de Sódio na formulação, como também na Pesquisa e Desenvolvimento de novas formulações identificando, por exemplo, as concentrações ideais de sal em detergentes, como é apresentado no vídeo disponível da Macler Academy: 

Por que esses parâmetros são fundamentais

Compreender o comportamento térmico de uma formulação vai além da estética. 

Os pontos de névoa e turvação impactam diretamente: 

  • Aparência e percepção de qualidade: um produto turvo pode ser interpretado como instável, mesmo quando funcionalmente correto. 
  • Desempenho técnico: mudanças na estrutura micelar ou na solubilidade de aditivos podem alterar espuma, viscosidade e detergência. 
  • Estabilidade logística: conhecer os limites térmicos evita surpresas durante o transporte ou armazenamento em diferentes regiões do país. 

Essas análises ajudam o formulador a definir margens seguras de operação, garantindo que o produto se mantenha estável nas condições reais de uso. 

Os pontos de névoa e turvação são aliados do formulador, pois revelam como os componentes interagem em diferentes cenários. Medir e ajustar esses parâmetros em laboratório, a cada lote, é fundamental para liberar produtos com segurança e manter a credibilidade no mercado. 

No SmartLab da Macler, esses e outros testes de estabilidade são conduzidos com rigor técnico e infraestrutura de ponta, garantindo que cada formulação seja avaliada sob condições reais de uso. Entre em contato e descubra as vantagens de ter a Macler como seu parceiro químico estratégico.

Iris Hoffmann MaurilioCoordenadora de Marketing na Macler

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